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“A CUT tem muito a comemorar nestes 30 anos”, afirma presidente da CUT

28/08/2013

 

Uma CUT à frente do seu tempo, mas fundamentalmente classista. Uma CUT  ainda mais preparada para defender a pauta da classe trabalhadora nas ruas e nas mesas de negociação. Ávida por estudar o mercado de trabalho brasileiro e mundial. Uma  CUT apta a ampliar seu papel de protagonista no processo de transformação dessa sociedade que se informa e se comunica em tempo real. Uma CUT que luta por trabalhadores e trabalhadoras fortalecidos/as por 10 anos de conquistas sociais, resultado de um projeto progressista de governo eleito com apoio oficial dos cutistas. Nem por isso, uma CUT menos combativa e consciente de que ainda há muito a ser feito e conquistado. Uma CUT que  representa as diferentes realidades desse mundo desigual do trabalho, onde convivem organização sindical de países desenvolvidos com trabalho análogo ao de escravo. Uma CUT orgulhosa do seu passado e militância, mas de olho aberto para o fututo. Uma CUT que tem de mudar, porque o Brasil mudou, porque o mundo mudou. É com esse nível de comprometimento e consciência que o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, um bancário de São Paulo com 47 anos, a maior parte deles dedicada à militância sindical, vê a Central Única dos Trabalhadores se aproximar dos seus 30 anos de fundação.

O Portal da SINDIESCRIT divulga a seguir os melhores momentos da entrevista de Vagner Freitas concedida à jornalista, Vanilda Oliveira, do Portal da CUT:

Desafios da CUT
“O maior desafio da CUT, hoje e sempre, é ser visionária para conseguir estar à frente do seu tempo. Para isso, temos de nos especializar, formular e estudar mais o que significa e representa o mercado de trabalho brasileiro. Para um dirigente sindical ser realmente competente, ele tem de conhecer a realidade do seu local de trabalho. Somente assim um sindicalista se torna sujeito da transformação da sociedade. Fazer sindicalismo apenas reclamando e reivindicando não dá mais. Na CUT, o papel do dirigente é classista, ou seja, defender toda a classe trabalhadora e não apenas a base do seu sindicato”.

Novo trabalhador
São perfis completamente diferentes. Hoje, o trabalhador e a população em geral têm à sua disposição muito mais informação do que tinham a décadas atrás. Naquela época bastava o caminhão de som para se comunicar com a base. Há 30 anos, pensando na ação sindical, a nossa luta era para defender o emprego e evitar demissões em massa. Antes, o diálogo com o trabalhador e até a cobertura do mundo sindical pela imprensa eram diferentes. O sindicalismo era combatido pela mídia, mas também era aceito. Dentro da empresa, o velho DP (departamento pessoal) virou O RH (recursos humanos). Nós dos sindicatos acabamos ensinando para o inimigo (o patrão) como agir e eles foram também se organizando e ficaram mais competentes na disputa ideológica. Exemplo disso é que quando disputei a direção nos bancários, na década de 1990, tive de me afastar do trabalho a pedido do banco. Hoje, a empresa felicita o candidato a dirigente sindical por sua candidatura”.

Conquistas
“Nos governos Lula (e agora Dilma) fiquei muito satisfeito com o meu trabalho de dirigente porque vi as coisas evoluir e se transformar em conquistas para a classe trabalhadora. Ainda são muito menores do que deveriam ser. Mas em um quadro comparativo que considere melhoria da qualidade de vida em geral e da vida dos trabalhadores e trabalhadoras, nos últimos 10 anos, comparado aos últimos 50 anos, tudo melhorou para os brasileiros. Qualquer um que faça esta análise de forma correta, isenta, e não defenda lado a ou b sabe e dirá que os últimos 12 anos foram salutares para o Brasil, tanto que o País se tornou referência mundial em programas e conquistas sociais”.

Lula-Dilma
“A certeza de que o Brasil jamais voltará a ser tão ruim como já foi. O fato de nós termos quebrado essas expectativas de parte da burguesia e mostrado que temos condições de, com acertos e erros, fazer um governo da forma como está sendo feito, me deixa sem nenhuma dúvida de que tem um resultado cultural e político, de formação política e de alto estima de classe que nunca vaipermitir que o Brasil volte a ser ruim como era antes do Lula/Dilma. Mesmo sem ele, sem o PT, seja quem for que vier no futuro não vai conseguir fazer no País o que fizeram de ruim antes. Até porque as organizações da própria sociedade vão cobrar muito mais”.
Na democracia, a alternância de poder é normal e até saudável, mas espero que ainda demore muito, muito tempo mesmo para que outro projeto diferente do de Lula-Dilma-PT, que teve e tem o apoio da CUT, deixe o poder. Mas se isso ocorrer, repito que jamais o Brasil voltará a ser (ruim) como que era antes da eleição de Lula. O reconhecimento da forma de governar e de que é possível fazer coisas diferentes aliados à formação política do brasileiro não vão permitir que as conquistas sejam retiradas. A população e o eleitor serão muito mais exigentes. Isso é outro legado do governo lula. É legado do Lula, é legado do PT é legado da CUT, porque foi uma conquista que nós estabelecemos. É por isso que eu não posso me sentir com qualquer tipo de desconforto diante da minha própria análise de que essa trajetória de 10 anos foi transformadora e positiva para a história do Brasil.

Principais conquistas
Foram inúmeras e grandes conquistas. A redução da jornada de 48 para 44 horas semanais na Constituinte; a participação nos lucros e resultados; a melhoria das condições de trabalho com várias regulamentações na área da saúde do trabalhador, direitos dos trabalhadores no campo, a aprovação da PEC (Projeto de Emenda Constitucional) do trabalho doméstico. Tem as conquistas de todas as lutas nos sindicatos, que também são da CUT, como melhorias das condições de trabalho específicas e da legislação de proteção. Mas ainda há muitas outras lutas a fazer: pela redução da jornada de trabalho para 40 horas sem redução de salário, uma das principais batalhas atuais da CUT - que vai aquecer a economia e gerar 2,2 milhões de empregos, além de satisfação pessoal por garantir aos trabalhadores  uma vida pessoal, familiar e profissional mais digna. A tarefa da CUT é também melhorar a vida da classe trabalhadora fora do local de trabalho, como cidadão que tem direito a serviços básicos públicos e de qualidade, como a universalização da saúde. É por isso que a redução da jornada de trabalho não pode ser vista como uma conquista somente do trabalhador, mas sim de toda a sociedade. Também lutamos contra o projeto que amplia a terceirização e a precarização, pelo direito à organização no local de trabalho e pela igualdade de direitos independentemente de gênero, cor e raça.

Representação
O Lula disse algo muito importante no lançamento das comemorações oficiais dos 30 anos da CUT: “Imaginem o Brasil sem a CUT, como seria?” De fato, a nossa Central representou e representa até hoje a possibilidade concreta de melhoria da vida do/a trabalhador/a em muitos aspectos. A classe trabalhadora foi colocada no cenário político do País como protagonista. Quando viajo pelos Estados vejo isso. Em cada canto do Brasil, tem um sindicato cutista lutando; tem uma CUT Estadual organizando a luta.  É inegável que ainda temos muito que construir com os nossos sindicatos nessa concepção, porque a CUT não é somente a sua Executiva Nacional. A CUT são todos os seus mais de três mil sindicatos filiados, uma estrutura que vem fundamentalmente da organização no local de trabalho, nas fabricas, bancos, escolas, hospitais. Somos uma central de base e de massa. Ninguém se filia à CUT, mas sim ao sindicato e é por meio dele que o trabalhador se manifesta e se faz representar. A Central é a história e a trajetória de luta dos seus sindicatos.  É esse o significado de Somos fortes, Somos CUT”.

Lutas prioritárias
Neste momento, são três: a reforma política, a reforma tributária e a democratização das comunicações: Esses são temas importantíssimos para a CUT e o Brasil já e para os próximos anos. E podem ter certeza que, da mesma forma que a Central participou de outros momentos decisivos do País, como a campanha pelas Diretas-Já, vai participar de maneira direta nessas três lutas essenciais para toda a sociedade.

Comemoração
A CUT tem muito a comemorar com toda a nossa militância. Não é à toa que escolhemos o slogan 30 anos transformando o Brasil, porque nada de importância que aconteceu neste País nessas ultimas três décadas deixou de passar pela lupa da CUT e de ter a importante intervenção e participação da nossa Central. O enfrentamento e a derrubada da ditadura, a campanha pelas Diretas-Já, o impeachment de Collor, a Constituição de 1988 e também uma das conquistas mais importantes que foi a eleição de um trabalhador operário e de uma mulher para a Presidência da República, representando um projeto político que faz parte da luta de classes e prova que nós podemos fazer mais e melhor que eles. Conquistas que melhoraram a vida da classe trabalhadora e consolidaram o sindicato-cidadão. A CUT hoje é uma instituição da sociedade para a sociedade, mesmo à parcela da população que a Central não representa formalmente.

Sindiescrit com informações de Vanilda Oliveira, da CUT Nacional




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