Agência


"Não me conformo com a injusta sentença que me foi imposta", declara José Dirceu

13/11/2012

No final da tarde de segunda, 12, o relator do processo 470 do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, mudou a ordem da votação da dosimetria dos réus condenados no julgamento e iniciou a análise do núcleo político, e não do núcleo financeiro como havia anunciado na semana passada. A mudança feita por Barbosa causou novos embates na Corte entre o ministro relator e o revisor Ricardo Lewandowski, que ficou muito irritado com o fato de o relator ter iniciado seu voto com a aplicação da pena a Dirceu e do núcleo político. O revisor reclamou da “falta de transparência de Barbosa” e deixou o plenário após o bate-boca. O STF também condenou José Genoíno e Delúbio Soares, que cumpriram penas em regime semi-aberto. Os advogados dos réus não foram convocados para participar na hora da sentença e informam que entrarão com os recursos cabíveis. O Sindiescrit publica a seguir desabafo do companheiro José Dirceu, condenado injustamente pelo STF sem provas. “Nunca pratiquei nenhum ato ilícito ou ilegal como dirigente do PT, parlamentar ou ministro de Estado”.

“Dediquei minha vida ao Brasil, à luta pela democracia e ao PT. Na ditadura, quando nos opusemos colocando em risco a própria vida, fui preso e condenado. Banido do País, tive minha nacionalidade cassada, mas continuei lutando e voltei ao País clandestinamente para manter nossa luta. Reconquistada a democracia, nunca fui investigado ou processado. Entrei e saí do governo sem patrimônio. Nunca pratiquei nenhum ato ilícito ou ilegal como dirigente do PT, parlamentar ou ministro de Estado. Fui cassado pela Câmara dos Deputados e, agora, condenado pelo Supremo Tribunal Federal sem provas porque sou inocente.
A pena de 10 anos e 10 meses que a suprema corte me impôs só agrava a infâmia e a ignomínia de todo esse processo, que recorreu a recursos jurídicos que violam abertamente nossa Constituição e o Estado Democrático de Direito, como a teoria do domínio do fato, a condenação sem ato de ofício, o desprezo à presunção de inocência e o abandono de jurisprudência que beneficia os réus.
Um julgamento realizado sob a pressão da mídia e marcado para coincidir com o período eleitoral na vã esperança de derrotar o PT e seus candidatos. Um julgamento que ainda não acabou. Não só porque temos o direito aos recursos previstos na legislação, mas também porque temos o direito sagrado de provar nossa inocência.
Não me calarei e não me conformo com a injusta sentença que me foi imposta. Vou lutar mesmo cumprindo pena. Devo isso a todos os que acreditaram e ao meu lado lutaram nos últimos 45 anos, me apoiaram e foram solidários nesses últimos duros anos na certeza de minha inocência e na comunhão dos mesmos ideais e sonhos”.

José Dirceu

 




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