Sindicato dos Trabalhadores em Escritórios de Empresas de Transporte Rodoviário de Guarulhos, Mogi das Cruzes, Vale do Paraíba, Litoral Norte e região
19/10/2015
A nova Direção da CUT Nacional foi eleita por unanimidade pelos mais de dois mil delegados e delegados de 20 ramos filiados à Central do campo e da cidade na sexta-feira (16), último dia do 12º Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CONCUT), realizado no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo.
O bancário de São Paulo, Vagner Freitas, foi reeleito presidente da CUT e comandará a maior central sindical da América Latina e a quinta maior do mundo até 2019.
Uma novidade nesta gestão é que pela primeira vez em sua história, a CUT terá igual número de mulheres e homens em sua direção. É a única central sindical no mundo a adotar tal política.
Mídia, Congresso e Dilma
Em seu discurso, Vagner chamou atenção sobre a importância da democratização dos meios de comunicação no Brasil. “Não haverá democracia, enquanto não houver a democratização da mídia. Hoje, parte da imprensa mente e inventa notícia, não permitindo que a gente tenha um debate democrático no Brasil”, disse.
Freitas também questionou o papel do Poder Judiciário, lembrando que ele não foi constituído para fazer política, mas para fazer Justiça e mandou recado para os deputados e deputadas, eleitos com o dinheiro do financiamento privado de Campanha e representam os empresários. “Nós defendemos o financiamento público que permite que as pessoas possam contribuir com os parlamentares que realmente as representam. Vamos continuar no pé desses deputados que representam os empresários, vamos continuar discutindo, enfrentamento e se for necessário vamos invadir a Câmara e o Senado para defender os interesses e direitos dos trabalhadores”, ressaltou.
No encerramento de seu discurso, o presidente reeleito da CUT manifestou apoio à presidenta da República, Dilma Rousseff. “Você tem todo o nosso apoio para continuar a sua gestão, que foi eleita pelo povo, mas tem que mudar a política econômica, senão a mudaremos nas ruas”, concluiu sob muitos aplausos dos mais de dois mil delegados e delegados no 12º CONCUT.
Política econômica
A vice-presidenta reeleita, Carmen Foro, reforçou o objetivo de "derrubar" a política econômica. "Ou não haverá desenvolvimento, emprego, garantia de políticas públicas", acrescentou. Ela destacou a necessidade de realizar um "profundo trabalho" para aumentar a participação da juventude no movimento sindical.
Por haver apenas uma chapa, fato incomum em congressos da CUT, não houve votação, mas apenas a apresentação dos dirigentes e aclamação. A definição dos nomes foi feita, inclusive, antes do congresso. As correntes internas da central enfatizaram a unidade.
"Essa chapa é produto de uma gestão de muita coerência e vontade de lutar", disse o agora ex-secretário de Políticas Sociais da central Expedito Solaney, que voltará a atuar na central em Pernambuco. Segundo ele, foi o "enfrentamento" que garantiu a autonomia da CUT. "Temos unidade de ação e clareza ideológica."
"A classe trabalhadora tem lado, tem projeto político", afirmou Rosane Silva, que deixou a Secretaria da Mulher Trabalhadora. "Mas também vamos questionar o que está errado no projeto político que elegemos." Ela se emocionou ao lembrar a implementação da paridade de gênero na central – a direção da CUT passa, a partir de agora, a ter o mesmo número de homens e mulheres (22). "Estamos concretizando o sonho de todas nós, com as mulheres ocupando espaços de poder na central."
Presidente da Confederação Sindical Internacional e ex-presidente da CUT, João Felício, que deixa a executiva, fez questão de assinalar que a chapa eleita é formada por "companheiros de esquerda". "Temos lado na sociedade brasileira. Temos uma história de profunda relação com a nossa base. O dia em que a elite brasileira gostar de vocês (dirigindo-se aos delegados), se preocupem."
Cobrança
O debate predominante durante o congresso foi como ampliar a articulação com os movimentos sociais, defender a democracia e cobrar alterações de rota na política econômica. O coro mais repetido pedia a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, além do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ): "Eu quero a Dilma que eu elegi/ Fora Cunha e o ajuste do Levy".
"A Dilma derrotou o Aécio graças à CUT e aos movimentos sociais. Não foi nenhum marqueteiro mágico", disse, durante o congresso, o diretor da central Julio Turra. Por isso, a cobrança é para que a presidenta "aplique o programa vitorioso nas urnas".
Parte dos movimentos sociais não concorda com o apoio irrestrito à presidenta. Essa divergência também foi apresentada durante os debates no congresso, no sentido de que o governo dê um "giro à esquerda".
A própria Dilma foi à abertura do congresso cutista, na última terça-feira (13), quando pediu apoio, falou em dificuldades, reafirmou compromisso com a área social e fez um discurso mais agressivo contra a oposição.
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